Essa indagação preocupante tem sido freqüente em muitos lares, deixando atônitos os pais que se vêem com um filho que apresenta hábitos e comportamentos díspares do que estavam acostumados. Em vez do filho atencioso, cumpridor de suas obrigações e amável, agora estão se estranhando com uma pessoa indiferente, ríspida , que se isola de todos e apresenta atitudes agressivas.
Como isso foi acontecer?
Muitas vezes, os pais estão envolvidos com as tarefas diárias e compromissos de trabalho e não percebem que aos pouquinhos foi-se instalando em sua casa uma companhia que estava suprindo a atenção que deveria ser dada por eles.
Amizades nem sempre convenientes, festinhas em locais pouco recomendáveis, dormir fora de casa – na casa de um amigo-, programas no computador, mas sem nenhum critério seletivo, baladas estonteantes e bebidas – muita bebida - são alguns dos alarmes que são emitidos e que os pais ignoram, deixam passar para não ficar como “chatos”, para não passar aos filhos a imagem de antiquados e permitem mais do que seria aconselhado.
Bem, mas se o caso já está instalado agora é hora de acolher esse jovem, ouvi-lo, aconselhá-lo, afastá-lo das más companhias e tentar que vá para uma clínica de recuperação. Na maioria das vezes, os jovens relutam em ir para uma recuperação, com argumentos tais como: eu não preciso disso, não estou doente, sei como me controlar...etc.
Nos casos iniciantes, um profissional de reabilitação psicoemocional, poderá intervir com medidas terapêuticas junto com os pais, o que resgatará o equilíbrio do desgaste familiar e poderá reverter o caso, com o compromisso de que, a partir de agora, devem os laços familiares se estreitarem e se envolverem com mais atenção e consideração.
Nos casos onde for preciso o uso de medicamentos para induzir a necessidade compulsiva do uso da droga, exige-se uma equipe de profissionais que atuará desde suprir atenção em casos de depressão; envolvimento em atividades cotidianas; descobrir talentos voltados para música, dança, artesanato, pintura; prática de exercícios físicos; aprimorar contatos sociais usando de serviços voluntariados que estimulem seu valor pessoal e com o próximo; entre outras atividades.
Não é uma tarefa fácil, nem para a equipe de trabalho nem para o recuperando. Alguns desistem, vão embora ou fogem do local, mas aos que persistem virá a conquista de sua autoestima de volta.
Para a família é um momento de muito desgaste e sofrimento, pois geralmente irá ver seu filho em situação deprimente e de angústia, mas é preciso ter firmeza para ajudá-lo a enfrentar esse que é um dos piores males do nosso tempo.
Agora, vale ressaltar, que a abertura da porta maldita dos vícios necessariamente não começa na rua. Pode começar dentro do núcleo da própria família, conforme veremos na seqüência:
- Pais fumantes, que mesmo sem palavras dizem “fumar é bom”;
- Pais que fazem questão que os filhos, já na tenra idade, principalmente se forem do sexo masculino, experimentem bebida alcoólica, sob o pretexto de que “menino macho” já pode beber;
- Nos encontros sociais que promovem há um liberou geral no consumo de bebidas alcoólicas, como se toda celebração precisasse ter consumo desenfreado dessas bebidas;
- Os próprios pais compram e estocam bebidas alcoólicas em casa em grande quantidade, e eles próprios não têm controle no consumo delas.
Seja como for, há que se ter em mente, principalmente os pais, que são os principais educadores dos filhos, que as crianças não aprendem através de palavras nem de sermões verborrágicos: as crianças aprendem através dos exemplos. E que exemplos muitos pais têm dado a seus filhos?
Hoje em dia, temos presenciado o uso de drogas em diversas situações, principalmente em jovens meninos de rua, que usam desses entorpecentes para suprir a necessidade de comida. Mas é na classe alta a maior propagação dessa prática. Estudos recentes mostram que, entre universitários, classe onde a cultura deveria imperar, está aumentando o uso de drogas chamadas ilícitas sendo que, quase metade dos universitários já fizeram uso de algum tipo de droga e 40% deles, usaram duas ou mais substâncias entorpecentes durante os últimos 12 meses, considerando maior frequência entre estudantes do período noturno e com idade acima de 35 anos.
Em relação ao álcool, a maioria dos universitários (86%) afirmou já ter bebido e 36% dos entrevistados beberam, nos últimos 12 meses, em binge** (cinco ou mais doses alcoólicas para homens ou de quatro ou mais doses para mulheres dentro do período de duas horas).
De acordo com a pesquisa, 22% dos estudantes do ensino superior estão sob risco de desenvolver dependência de álcool.
O estudo foi realizado pela Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Foram entrevistados cerca de 18.000 universitários, matriculados no ano de 2009, de 100 instituições de ensino superior públicas e privadas.
**Binge drinking é a definição moderna de consumo de bebidas alcoólicas com a intenção primária de intoxicação por consumo de álcool em um curto período de tempo. É um tipo de estilo de consumo intencional , popular em vários países do mundo, e se sobrepõe um pouco com a bebida social, uma vez que muitas vezes é feito em grupos. O grau exato de intoxicação, no entanto, varia entre e dentro das várias culturas que se dedicam a esta prática. A farra do álcool pode ocorrer durante horas ou durar até vários dias.
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