12 de fevereiro de 2015

A difícil tarefa de educar filhos- Luiza Gosuen



Certa vez ouvi em uma palestra que uma das tarefas mais difíceis de conseguir realizar é a de educar os filhos

Tudo começa em um pacato ambiente de uma casa de recém-casados onde todos os objetos têm seu lugar certo, com decoração primorosa, plantas bem cuidadas e a preparação do quarto do bebê com cores suaves, cheiros pueris, bichinhos de pelúcia, laços e fitas.

Chega então o dia de trazer do hospital para casa, aquele "pacotinho" tão esperado. Ás primeiras horas tudo é como o desfrutar do paraíso até que, chega a hora da primeira mamada sem a enfermeira para ajudar a mãe, depois o primeiro banho que envolve quase todos da família cuidando para enxugar bem as dobrinhas, fazer a dobradura da fralda - para as mães com consciência ecológica que usam fraldas de pano -, ou saber ajustar a fralda descartável, colocar a roupinha, pentear os cabelinhos e, claro, mesmo que algumas mães digam que não o fazem, colocar umas gotinhas de aroma infantil nos braçinhos. Parece uma tarefa interminável e daqui a pouco outra mamada e, finalmente, depois de muito choro do bebê e da mãe de primeira viagem, a paz volta a reinar. Psiu! o bebê dormiu....

Aqui já percebemos que tudo ficou em função da criança e não pense que termina quando ela dorme, aí é hora de arrumar a bagunça do banheiro depois do banho, lavar as roupinhas trocadas, preparar papinhas, sucos, chás, ferver as mamadeiras. Nossa, terminou! e, quando a mãe senta, ... Surpresa!! ... o bebê acordou e tudo recomeça...

Esse ritual desenvolvido hoje em dia onde tudo tem que ser para o bebê e na hora, pois ele não pode esperar, faz com que as crianças cresçam achando que são os "reizinhos"  e que todos são seus súditos.

Só que não tem que ser assim. Nenhum mal acontecerá se a criança chorar e tiver que esperar. É preciso conversar com o bebê para que ele saiba que a mãe está por perto,  para que sinta segurança ao ouvir a voz da mãe , com isso o bebê começa a aprender que a mãe se divide em outras atividades e que é preciso aprender a esperar. Pode ser que tenha outro irmãozinho, tarefas da casa, estar na cozinha com algo no fogo ou atendendo ao telefone. Seja o que for, a mãe não tem que sair desesperada para atender ao primeiro sinal que seu filho tenha acordado.

É preciso expressar  com suavidade seu amor e mesmo que o bebê esteja lá no quarto dele e a mãe em outro local, não sentirá abandonado e ficará tranquilo, se entretendo com os enfeites e móbiles que você prazeirosamente confeccionou para ele.

Outra coisa, não tente evitar todos os ruídos da casa, isso deve ser parte do cotidiano e o bebê terá que se acostumar a eles.

Existem videos e muito material na internet com dicas excelentes que ajudam os pais, bem como cursos e uma infinidade de bons livros que ajudam os pais que se sentem inseguros no cuidado com os filhos .

Quando já em idade escolar,  por volta dos dois anos, as crianças irão para creches ou escolinhas, os pais então precisam estar preparados e saber que quem irá educar seu filho são eles, pais,  e não a escolinha ou creche, estas apenas irão cuidar, entreter, brincar, socializar.

Em casa, é tarefa dos pais  dar limites,  compartilhar e ensinar que a atenção não é exclusiva para ela, que precisa esperar sua vez, que nem tudo que o coleguinha tem ,necessariamente ela terá que ter também. Que a professora , pajem ou babá é também autoridade e que deve ser respeitada, que o espaço e os brinquedos devem ser compartilhados e que só deve levar para casa se for dela e, principalmente, algo muito esquecido hoje em dia inclusive pelos pais, que é ensinar a criança a agradecer, a esperar sua vez para ser servida, a ser gentil e a obedecer um "não", a respeitar as diferenças e os valores individuais e, acima de tudo saber seus direitos e deveres.

Essas são tarefas dos pais. São parte da formação do caráter que os filhos aprenderão por imitação, ou seja, vendo como os pais fazem, dizem e agem.

Quando sair com seu filho não fique instigando-o a pedir o que está na vitrina: "olha filho, que lindo!", "você não quer, filho?", "é igual ao do seu amiguinho", "filho, quer um sorvete", "vamos experimentar  esse salgadinho, é novo..", "quer sanduíche?"...quer....quer....quer....

São os pais que provocam o consumismo nas crianças e as entopem de besteiras, doces, chocolates , gorduras de toda espécie e depois reclamam que os filhos querem tudo que veem pela frente. Que só gostam de roupas e sapatos de marca e que precisam ficar mais bonito que o vizinho ou amiguinho. Mas quem desperta esse sentimento de inveja e de consumismo? E caso  tenham visto na mídia, onde está a autoridade dos pais para orientar e dizer "não" quando é preciso?

É ridículo ver pais perguntando ao filho o que fazer. "Você quer comer?", "Vamos embora?", "Você não quer dormir?". Essas são atitudes de pais que se deixam dominar por uma criança que faz o que bem quer e, como as crianças  como são egocêntricas , percebem e aproveitam a insegurança e o despreparo de pais para conseguir tudo e com isso  manipular toda a situação.

Limites, horários, alimentação, programas de tv, companhias e escolha da diversão são responsabilidade dos pais não são decisões das crianças.

Se os pais não colocarem regras e não firmarem valores, quando os filhos começarem a ter "coleguinhas" , já na fase de puberdade, se preparem para perdê-los para as más companhias, drogas, sexo antes da hora e sem preparo, noitadas, fugas da escola, bebidas, baladas, vícios e atitudes de desrespeito ao próximo que vão chegando aos pouquinhos sem que os pais percebam. E se os filhos não são regrados, os pais demoram mais tempo para perceber que alguma coisa está errada, e aí já pode ser tarde.

Os adolescentes acham que estão sempre imunes a tudo, que nada lhes acontecerá. Mas ainda nessa fase é preciso controlar as atividades de seus filhos, e agora com maior vigilância, como: saber a quantidade  de horas de sono; horário para desligar o computador e que uso fazem do mesmo ( principalmente se tem quarto individual); saber que tipo de sites acessam;  quais os amigos da rede, inclusive os virtuais. Saber usar o celular com discernimento, lembrando que amizades são importantes, mas que conversar olhando nos olhos, se tocar, dar risadas e se divertir é muito mais saudável do que ficar anestesiado diante uma tela ignorando tudo e todos à sua volta. E, quando sair com os amigos deixar o celular guardado e dar atenção a quem está com você no momento. Muitos adolescentes chegam ao ponto de se comunicar dentro de casa, com seus familiares, apenas através do celular, não existe mais diálogo. Pais e filhos estão, muitas vezes, dominados pelo aparelho e não desgrudam os olhos dele. Não mais se comunicam e a atenção na maioria do dia é para "amigos" que nem conhece na realidade.   
O sono quando não é respeitado altera todo o relógio biológico do corpo, bem como diminui reflexos, memória, concentração principalmente se vão à escola pela manhã.

Lembrando que a criança pequena tem que ir cedo para a cama, nada justifica ficar até tarde na tv e ir se deitar à meia noite. Até os 15 anos, o certo é desligar tudo, ou se estiver estudando, fechar os livros e descansar por volta de 23 horas, pois é na adolescência que o corpo passa pelo processo de maior crescimento , que é o estirão, onde os hormônios são liberados durante o sono e um adolescente precisa dormir cerca de 9 h  por noite.

Converse com seus filhos, estabeleça prioridades e se for possível não deixe computador ou tv no quarto, pois esses instrumentos estimulam a postergar a hora de dormir. Incentive-o a ter alguma atividade relaxante antes de dormir como ouvir uma música tranquila, ler ou mesmo tomar um banho  e que na hora de acordar tenha compromisso de fazê-lo sozinho. Se tiver tido uma noite adequada de sono, acordará na hora certa mas se não conseguir, que use um despertador. Evite deixar o celular  ligado ao lado da cabeceira, sendo recomendado para crianças acima de 13 anos e que , preferencialmente, deva permanecer desligado durante o sono.

Quando  o adolescente começar a sair, os papéis devem ser bem definidos, ou seja, os pais não são "amiguinhos" de seus filhos, não têm que ficar imitando-os ou usando o mesmo estilo de roupas e penteados deles. Lembre-se que são os pais, e  a segurança deles depende de vocês. Portanto, indaguem onde vai, com quem vai (ligue para confirmar), exija que o celular permaneça ligado, leve até o local se for preciso, pergunte quem estará lá (converse com os pais desses amigos). Não tenha receio de ser chato. Pai "chato" tem filho vivo e saudável.

Não dá para confiar, eles são inconsequentes e precisam sim de rédeas curtas. A Bíblia nos ensina que:  "Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda quando ela for de idade não se desviará dele" (Provérbios 22:6)

Para muitos, falar de valores, regras  e normas, estar atento a contatos de redes sociais, cumprir horários e obrigações é ser careta. Não dê ouvidos, sejam então pais "caretas"  e demonstrem o quanto amam seus filhos. Tenham certeza de que eles não irão desprezar seus ensinamento e seu amor. O que eles desprezam é pais que se preocupam com eles próprios, que ficam em bares, que vivem nas noitadas e mães que só se preocupam com espelhos.
Isto não quer dizer que vocês tenham que matar seu filho de vergonha, querendo ficar na roda dos amigos deles, escutando o que conversam ou sendo indiscretos. Vão com calma. Saibam que, se ensinaram com amor, se dispensaram tempo para com a educação deles, podem deixar que caminharão com tranquilidade e serão seu orgulho.

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