26 de abril de 2019

Síndromes Raras relacionadas à Percepção Visual (Alice-Paramnesia-Prosopagnosia-Charles Bonnet-Ekbom)- Luiza Gosuen

As síndromes delirantes que afetam a percepção visual causam muitos transtornos principalmente em crianças em fase de desenvolvimento cognitivo e de formação da personalidade, pois confundem o que está passando em suas fantasias com o que lhe é dito pelas outras pessoas. Para elas aquelas percepções ilusórias são reais.           




Síndrome de Alice no País das Maravilhas

Uma distúrbio psiquiátrico que provoca percepção visual de maneira distorcida. O paciente vê alguns objetos á sua volta de tamanho minúsculo, acreditando inclusive que parte de seu corpo está mudando de tamanho e também de forma, como se estivesse sob efeito de substâncias alucinógenas, vendo coisas irreais.

Esse distúrbio foi observado e descrito em 1955, pelo psiquiatra inglês John Todd e deu esse nome devido a obra de Lewis Carroll  "Alice no País das Maravilhas" publicada em 1865, onde a protagonista Alice é uma menina que se vê num local fantasioso onde tudo tem tamanho bem reduzido.

Normalmente surge na infância onde as crianças com esse distúrbio acham que algumas partes de seu corpo estão diferente. 
O desenvolvimento cognitivo da criança normalmente não é afetado, porém sofre interferência das fantasias em momentos de crise.

Sintomas


Os sintomas mais comuns são micropsia (quando objetos ou partes do corpo parecem menores) e telopsia (quando objetos parecem bem mais distantes do que realmente estão). A síndrome não tem causa definida. Em adultos alguns casos são relatados após uma forte enxaqueca ou depois de uma refeição mais pesada.  


Tratamento

O tratamento deve ser feito por psicólogo. Em crianças a Ludoterapia é muito eficaz  e os  pais são orientados como proceder em casa. Quando a criança estiver em fase escolar pode ser necessário o uso de orientação psicopedagógica, para casos específicos. Já em adultos,
a Terapia Comportamental direcionada a comprometimentos de ordem emocional tem resultados muito favoráveis. Não existe medicamentos nem cirurgias indicadas para esse distúrbio. Atualmente, faz-se orientação psicológica e acompanhamento das evoluções emocionais que vão surgindo. A participação da família nesse contexto é muito importante. 

Existem casos onde é relatado esse distúrbio em pacientes com tumores cerebrais ou epilepsia. Nesses casos o tratamento é com Neurologista.


PARAMNÉSIA REDUPLICATIVA 


É um distúrbio de percepção visual e orientação espacial,onde o paciente não reconhece onde está. Acredita que aquele local foi duplicado e que existe um outro local exatamente igual.

Em outros casos, o paciente acredita que foi removido simultaneamente para outro local, porém idêntico àquele que estava, que é um local duplicado.
O termo "Paramnésia Reduplicativa" foi usado pela primeira vez em 1903 pelo neurologista Tcheco Arnold Pick quando tratava de uma paciente com suspeita de Alzheimer. Notou que os sintomas eram diferentes, não de esquecimento como típico no Alzheimer, mas de confusão mental com distorção na percepção visual.

Não se sabe muito sobre essa doença. Em alguns casos surge depois do paciente ser reincidente a alguns AVCs , tumores cerebrais ou Esquizofrenia. 

Tratamento


Não se tem ainda uma maneira eficaz de tratar essa doença. Depende de cada paciente e de como tudo começou. As terapias para acompanhamento de problemas emocionais e acompanhamento psiquiátrico com uso de antidepressivos também são usados.


Ver também :
Síndrome de Capgras e Síndrome de Fregoli
https://luizagosuen.blogspot.com/2019/03/sindromes-raras-capgras-fregoli-otelo.html


Síndrome de Charles Bonnet

Essa síndrome é específica , apesar de causar alucinações visuais - nítidas, coloridas e silenciosas- ocorre somente em pacientes que sofrem de cegueira parcial ou grave.

O distúrbio surge sem que se saiba a causa e acreditava-se que os sintomas duravam alguns segundos, mas temos relatos de que podem durar algumas horas e alguns casos duram anos.

O nome da síndrome é em decorrência do filósofo Charles Bonnet ter observado e relatado esse sintoma em seu avô que era cego e tinha essas alucinações momentâneas.

Não se tem tratamento, apenas acompanhamento e orientação do paciente quando os sintomas aparecerem para evitar ansiedades e depressão e se  precisar, acompanhamento terapêutico  para que fale do que está sentindo e aliviar a angústia.


Síndrome de Ekbom

É uma síndrome delirante e ilusória onde o paciente acha que está sendo molestado por milhares de insetos que infestam todo seu corpo. Acredita que sua pele está tomada por vermes e insetos e essas alucinações além de visuais são também táteis, pois o paciente sente os insetos andando pelo seu corpo. 

Foi observado mais casos entre idosos, sendo que a maior frequência foi entre mulheres, que se comportavam como usuários de droga, por acreditarem ver e sentir esses insetos andando pela sua pele e ficarem querendo tirar e espantar os insetos.

O tratamento vai depender da intensidade do distúrbio. A triagem e avaliação de um oftalmologista é fundamental e que através do questionamento direto feito por ele aos pacientes, com baixa acuidade visual, pode aferir o grau da alucinação.

A abordagem completa envolve uma equipe multidisciplinar com neurologista, psiquiatra e psicólogo para o diagnóstico que poderá aliviar o sofrimento do paciente.

Não existe um tratamento único, porém por ter sintomas similares ao de pacientes com esquizofrenia, os medicamentos usados são os mesmos. 




Prosopagnosia 

É uma síndrome também conhecida como cegueira facial .Um distúrbio onde o paciente apresenta dificuldade em reconhecer pessoas à sua volta. 
Olha para as pessoas conhecidas e não lhe são familiares, não as reconhece.
Em alguns casos o paciente tem dificuldade de associar pessoas confundindo-as com objetos e em casos mais graves o paciente inclusive não se reconhece no espelho.

Os primeiros casos foram observados em 1947 pelo neurologista alemão Joachim Bodamer e o termo Prosopagnosia vem da junção das palavras gregas Prosopon (lado) e Agnosia (conhecimento)


**Teste de Prosopagnosia (Teste ilustrativo que não substitui opinião médica)


Para cada item, indique o quanto concorda ou discorda, escolhendo uma resposta em uma escala de 1 a 5, sendo 1 (discordo completamente) e  5 (concordo completamente). 
Leia cada item cuidadosamente antes de responder e seja o mais honesto possível.
1. A minha capacidade de reconhecimento facial é pior do que a da maioria das pessoa;
2. Sempre tive uma má memória para fisionomias;
3. Acho muito mais fácil reconhecer pessoas que têm características faciais distintivas;
4. Confundo  muitas vezes, pessoas conhecidas com estranhos; 
5. Quando circulava pela escola tinha dificuldade em reconhecer os meus colegas de turma;
6. Quando as pessoas mudam de penteado ou usam chapéus, tenho mais dificuldade em reconhecê-las;
7. Às vezes, tenho que avisar novas pessoas que acabo de conhecer que sou ruim para memorizar rostos, pois posso passar por elas e não reconhecer;
8. Tenho mais facilidade em lembrar, mentalmente, de rostos conhecidos do que reconhecer quando os vejo pessoalmente;
9. Sou melhor do que a maioria das pessoas em lembrar o nome das pessoas do que a fisionomia;
10. Sem ouvir as vozes das pessoas, tenho mais dificuldade em reconhecê-las;
11. A ansiedade relacionada com reconhecimento facial me levou a evitar situações sociais e profissionais , onde poderia encontrá-las para não passar por constrangimento;
12. Tenho que me esforçar mais do que as outras pessoas para memorizar faces;
13. Tenho mais confiança em reconhecer as pessoas por fotografias;
14. Às vezes, acho complicado acompanhar um filme por ter dificuldade em reconhecer os personagens, pois me confundo e não consigo distingui-los, e fico sem entendo o filme;
15. Os meus amigos e familiares concordam que tenho mau reconhecimento facial ou má memória facial;
16. Sinto que ofendo muitas vezes pessoas por não conseguir reconhece-las;
17. É mais fácil para mim reconhecer indivíduos em situações que exigem que as pessoas usem roupas semelhantes (ex: ternos, uniformes);
18. Em reuniões familiares, às vezes, confundo membros da família;
19. Acho fácil reconhecer celebridades em fotografias antes da fama, mesmo que tenham mudado consideravelmente;
20. É difícil reconhecer pessoas quando as conheço fora de contexto (ex: encontrar um colega de trabalho no supermercado);
ResultadosItens 8, 9, 13, 17 e 19 são contados ao contrário. Ex: 5 = 1; 4 = 2; 3 = 3; 2 = 4; 1 = 5 2.  Some o número das respostas para obter um resultado entre 20 (reconhecimento facial intacto) a 100 (reconhecimento facial severamente danificado)

Nenhum comentário:

Postar um comentário