28 de maio de 2015

Stress Infantil - Transtorno Comportamental - Luiza Gosuen


Stress significa pressão e esse termo foi usado pela primeira vez após a Primeira Guerra Mundial onde um grande número de soldados, mesmo depois do término da guerra, continuavam a sofrer dos males vividos nos campos de batalha.

O stresse não é uma doença. É um transtorno comportamental que pode levar a traumas e sofrimento para as crianças, muito comum nos dias de hoje, devido ao estilo de vida agitado, situações muito competitivas ou muito excitantes e quase sempre sob muita pressão e alto nível de exigência que predispõe o organismo a doenças. Podendo se manifestar também em crianças de qualquer idade, meninos e meninas, através de sintomas físicos e/ou psicológicos que muitas vezes, pais e professores não sabem reconhecer o problema das crianças que acabam se passando por malcriadas ou birrentas, quando na verdade estão sofrendo a ação ncômoda do stresse excessivo.

O stresse é uma reação do organismo  frente a um estímulo que causa medo, irritação, excitação e até felicidade. O que torna os efeitos danosos são a frequência e a intensidade que eles ocorrem e, quando é permanente pode reduzir a capacidade de defesa do sistema imunológico do organismo com aparecimento de doenças .

No Brasil temos um número grande de crianças que sofrem das consequências desse mal, que são: gripes frequentes, perda ou ganho de peso, falta de motivação, falta de concentração, sono agitado ou insônia, fobias, dores de cabeça, e depressão. Até mesmo crianças recém-nascidas, principalmente as que enfrentam partos difíceis ou que ficam internadas e afastadas de suas mães por longos períodos podem apresentar stresse com sintomas de problemas intestinais, respiratórios, gastrites e alergias.

O número tem aumentado consideravelmente também entre os adolescentes devido a falta de maturidade para enfrentar as mudanças próprias da idade e também definições sobre futuro, escolha profissional, vestibular, bem como a independência precoce e a permissividade sexual aliada a atitudes de pais ausentes ou que exigem muito dos filhos em participações e competições além do são capazes. 

Causas mais frequentes do stresse infantil: 

- Atividades em excesso ou falta de atividade complementar;
- Nascimento de irmãos;
- Doenças com internações prolongadas; 
- Morte de alguém próximo na família;
- Pais ausentes ou superprotetores;
- Brigas entre os pais, às vezes até com agressões verbais e físicas;
- Encarceramento de alguém próximo;
- Separação dos pais , disputa por bens e guarda da criança;
- Mudança de cidade ou escola;
- Escolas ruins com professores inadequados; 
- Assaltos ou acidentes graves;
- Assedio sexual e até estupro por alguém próximo.

Uma questão importante e bastante atual é a sobrecarga que as crianças tem de múltiplas atividades. Alguns pais querem que as crianças aprendam tudo ao mesmo tempo como forma de "lustrar" seu ego pessoal perante outros pais. Outros, querem sossego e tempo para suas atividades pessoais, então colocam os filhos em muitas atividades como forma de "se livrar" do compromisso de cuidar e orientar seus filhos.  A criança se cansa, se irrita porque nem sempre o que está fazendo é de sua vontade e não sobra tempo para brincar no que realmente gosta. 

A brincadeira livre tranquiliza a criança, estimula suas fantasias proporcionando crescimento físico, afetivo e cognitivo e, quando a brincadeira é compartilhada, entre irmãos, com os pais ou com coleguinhas do condomínio melhora a sociabilidade, estabelece regras e limites sem contar que vai formatando seu papel como pessoa no grupo, com brincadeiras de faz-de-conta que irão definir os traços de sua personalidade.

Um dos aspectos que está causando muito impacto nos dias de hoje é a tecnologia quando não usada de forma adequada. Muitas vezes, a criança é deixada por períodos longos de tempo frente a uma televisão, computador ou vídeo game sem  convívio com outras crianças e até sem atividade física, essencial para o seu crescimento.

Como reconhecer se a criança está apresentando sintomas de stresse:

Sintomas Físicos:
* dor de barriga
* tique nervoso ou gagueira
* dor de cabeça
* irritação na pele com coceira ou alergia
* asma e gripes frequentes
* náuseas sem justificativa
* hiperatividade
* enureses noturna e até diurna
* tensão muscular ou impaciência
* ranger de dentes 
* fala incompreensível durante o sono (com sobressalto ,gemidos e até gritos)
* falta ou aumento de apetite (não comum ao habitual)
* mãos frias e suadas

Sintomas psicológicos:
* terror noturno e pesadelos
* apatia e sono excessivo
* medo ou choro constante
* agressividade e impaciência
* ansiedade
* desobediência
* insegurança (não olha nos olhos e evita pessoas)
* hipersensibilidade (choro fácil)

Vale lembrar que nenhum destes sintomas isolados pode ser interpretado como sinal de stresse.
O stresse não tratado e prolongado pode levar a uma série de doenças e problemas de adaptação, inclusive na escola. Os professores ao notarem esses sintomas devem conversar com os pais e verificar o que está acontecendo em casa, procurar orientação médica em alguns casos e saber da agenda de atividades da criança se está de acordo com sua idade e seu interesse. É muito importante que se tenha bom senso e discernimento para entender a personalidade da criança.

Como enfrentar o stresse infantil

* Quando matricular a criança em uma atividade tenha sempre o cuidado de não deixar a criança lá no local sozinha esperando alguém buscá-la quando terminar. O responsável já deverá estar esperando no horário do término para não criar ansiedade ou medo de ser abandonada.
* Tente procurar locais que sejam perto de sua casa, pois é um ambiente conhecido para a criança.
* Cuidar da alimentação da criança, principalmente quando perceber que ela está mais tensa. Oferecer alimentos ricos em ferro, cálcio, magnésio, vitamina C e Complexo B, leite, frutas e verduras. 
O ferro aumenta a resistência, o magnésio aumenta a tolerância ao stresse. Complexo B regula o intestino e evita irritabilidade. Exercícios físicos aumentam a produção de endorfinas que melhora o humor, além de trazer equilíbrio psicológico e proporcionar estabilidade mental.

Como a Terapia pode ajudar no Stresse  Infantojuvenil 

O Stresse conhecido também como TEPT (Transtorno de Estresse Pós- Traumático) no público infantojuvenil caracteriza-se como um transtorno de ansiedade após a criança ou jovem vivenciar o fato, testemunhar ou ter sido confrontada com algum evento traumáticos e reagir com muito medo ou comportamento de fuga .

O TEPT é caracterizado pela presença de três categorias de sintomas: 
1- quando a experiência traumática é repetida ; 
2-quando prefere fugir e não enfrentar o fato (evitação) e entorpecimento (não reação); 
3- excitabilidade fisiológica aumentada .
Os sintomas devem estar presentes por um período superior a um mês , após  o fato ocorrido, e estar interferindo em diferentes áreas do desenvolvimento infantil ou provocando prejuízos no funcionamento cognitivo, emocional, social e acadêmico das crianças ou jovens.

O TEPT está associado também nos quadros de transtornos de ajustamento. Os sintomas a serem considerados no tratamento envolvem revivência, sensação de entorpecimento e embotamento afetivo (pessoa fria, que não expressa seus sentimentos), evitação (fuga), anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e hiperexcitabilidade fisiológica. Não há diferenciação dos critérios para o público infantojuvenil, sendo estes recomendados para todas as faixas etárias. 

O período para o surgimento do quadro varia entre um mês até seis meses após o evento estressor e raramente excede este tempo. 
Em relação ao Transtorno de Ajustamento, recomenda-se verificar os sintomas específicos para as crianças, voltados principalmente para retrocessos no desenvolvimento cognitivo e emocional. A duração ocorre dentro de um mês após o evento estressor e não excede seis meses. Incluindo eventos de choque emocional e reações de pesar. 

Em relação ao critério de reincidência do fato, crianças podem manifestar cenas que reviveram e encenar o trauma (dramatizar o que aconteceu) através desenhos, brincadeiras e jogos repetitivos em que aspectos do trauma aparecem associados à inquietação motora, pesadelos e sonhos traumáticos recorrentes  e angústia nas lembranças. 
A evitação de pensamentos, sentimentos, locais e situações por parte das crianças pode ainda ser manifestada através de interesse diminuído em atividades habituais; sentimentos de estar sozinho ou isolado das figuras afetivas; embotamento afetivo; dificuldades de memória; perda de habilidades já adquiridas e retrocesso no desenvolvimento e, por último, sensação de futuro sem sentido. 

Finalmente, em relação aos sintomas de excitabilidade fisiológica aumentada, crianças podem manifestar transtorno de sono; irritabilidade e raiva; dificuldade de concentração; hipervigilância; resposta exagerada de sobressalto e resposta autônoma a lembranças traumáticas .

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