Stress significa pressão e esse termo foi usado pela primeira vez após a Primeira Guerra Mundial onde um grande número de soldados, mesmo depois do término da guerra, continuavam a sofrer dos males vividos nos campos de batalha.
O stresse não é uma doença. É um transtorno comportamental que pode levar a traumas e sofrimento para as crianças, muito comum nos dias de hoje, devido ao estilo de vida agitado, situações muito competitivas ou muito excitantes e quase sempre sob muita pressão e alto nível de exigência que predispõe o organismo a doenças. Podendo se manifestar também em crianças de qualquer idade, meninos e meninas, através de sintomas físicos e/ou psicológicos que muitas vezes, pais e professores não sabem reconhecer o problema das crianças que acabam se passando por malcriadas ou birrentas, quando na verdade estão sofrendo a ação ncômoda do stresse excessivo.

No Brasil temos um número grande de crianças que sofrem das consequências desse mal, que são: gripes frequentes, perda ou ganho de peso, falta de motivação, falta de concentração, sono agitado ou insônia, fobias, dores de cabeça, e depressão. Até mesmo crianças recém-nascidas, principalmente as que enfrentam partos difíceis ou que ficam internadas e afastadas de suas mães por longos períodos podem apresentar stresse com sintomas de problemas intestinais, respiratórios, gastrites e alergias.
O número tem aumentado consideravelmente também entre os adolescentes devido a falta de maturidade para enfrentar as mudanças próprias da idade e também definições sobre futuro, escolha profissional, vestibular, bem como a independência precoce e a permissividade sexual aliada a atitudes de pais ausentes ou que exigem muito dos filhos em participações e competições além do são capazes.
Causas mais frequentes do stresse infantil:
- Atividades em excesso ou falta de atividade complementar;
- Nascimento de irmãos;
- Doenças com internações prolongadas;
- Morte de alguém próximo na família;
- Pais ausentes ou superprotetores;
- Brigas entre os pais, às vezes até com agressões verbais e físicas;
- Encarceramento de alguém próximo;
- Separação dos pais , disputa por bens e guarda da criança;
- Mudança de cidade ou escola;
- Escolas ruins com professores inadequados;
- Assaltos ou acidentes graves;
- Assedio sexual e até estupro por alguém próximo.

A brincadeira livre tranquiliza a criança, estimula suas fantasias proporcionando crescimento físico, afetivo e cognitivo e, quando a brincadeira é compartilhada, entre irmãos, com os pais ou com coleguinhas do condomínio melhora a sociabilidade, estabelece regras e limites sem contar que vai formatando seu papel como pessoa no grupo, com brincadeiras de faz-de-conta que irão definir os traços de sua personalidade.
Um dos aspectos que está causando muito impacto nos dias de hoje é a tecnologia quando não usada de forma adequada. Muitas vezes, a criança é deixada por períodos longos de tempo frente a uma televisão, computador ou vídeo game sem convívio com outras crianças e até sem atividade física, essencial para o seu crescimento.
Como reconhecer se a criança está apresentando sintomas de stresse:
Sintomas Físicos:
* dor de barriga
* tique nervoso ou gagueira
* dor de cabeça
* irritação na pele com coceira ou alergia
* asma e gripes frequentes
* náuseas sem justificativa
* hiperatividade
* enureses noturna e até diurna
* tensão muscular ou impaciência
* ranger de dentes
* fala incompreensível durante o sono (com sobressalto ,gemidos e até gritos)
* falta ou aumento de apetite (não comum ao habitual)
* mãos frias e suadas
Sintomas psicológicos:
* terror noturno e pesadelos
* apatia e sono excessivo
* medo ou choro constante
* agressividade e impaciência
* ansiedade
* desobediência
* insegurança (não olha nos olhos e evita pessoas)
* hipersensibilidade (choro fácil)
Vale lembrar que nenhum destes sintomas isolados pode ser interpretado como sinal de stresse.
O stresse não tratado e prolongado pode levar a uma série de doenças e problemas de adaptação, inclusive na escola. Os professores ao notarem esses sintomas devem conversar com os pais e verificar o que está acontecendo em casa, procurar orientação médica em alguns casos e saber da agenda de atividades da criança se está de acordo com sua idade e seu interesse. É muito importante que se tenha bom senso e discernimento para entender a personalidade da criança.
Como enfrentar o stresse infantil
* Quando matricular a criança em uma atividade tenha sempre o cuidado de não deixar a criança lá no local sozinha esperando alguém buscá-la quando terminar. O responsável já deverá estar esperando no horário do término para não criar ansiedade ou medo de ser abandonada.
* Tente procurar locais que sejam perto de sua casa, pois é um ambiente conhecido para a criança.
* Cuidar da alimentação da criança, principalmente quando perceber que ela está mais tensa. Oferecer alimentos ricos em ferro, cálcio, magnésio, vitamina C e Complexo B, leite, frutas e verduras.
O ferro aumenta a resistência, o magnésio aumenta a tolerância ao stresse. Complexo B regula o intestino e evita irritabilidade. Exercícios físicos aumentam a produção de endorfinas que melhora o humor, além de trazer equilíbrio psicológico e proporcionar estabilidade mental.
Como a Terapia pode ajudar no Stresse Infantojuvenil
O Stresse conhecido também como TEPT (Transtorno de Estresse Pós- Traumático) no público infantojuvenil caracteriza-se como um transtorno de ansiedade após a criança ou jovem vivenciar o fato, testemunhar ou ter sido confrontada com algum evento traumáticos e reagir com muito medo ou comportamento de fuga .
O TEPT é caracterizado pela presença de três categorias de sintomas:
1- quando a experiência traumática é repetida ;
2-quando prefere fugir e não enfrentar o fato (evitação) e entorpecimento (não reação);
3- excitabilidade fisiológica aumentada .
Os sintomas devem estar presentes por um período superior a um mês , após o fato ocorrido, e estar interferindo em diferentes áreas do desenvolvimento infantil ou provocando prejuízos no funcionamento cognitivo, emocional, social e acadêmico das crianças ou jovens.
O TEPT está associado também nos quadros de transtornos de ajustamento. Os sintomas a serem considerados no tratamento envolvem revivência, sensação de entorpecimento e embotamento afetivo (pessoa fria, que não expressa seus sentimentos), evitação (fuga), anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e hiperexcitabilidade fisiológica. Não há diferenciação dos critérios para o público infantojuvenil, sendo estes recomendados para todas as faixas etárias.
O período para o surgimento do quadro varia entre um mês até seis meses após o evento estressor e raramente excede este tempo.
Em relação ao Transtorno de Ajustamento, recomenda-se verificar os sintomas específicos para as crianças, voltados principalmente para retrocessos no desenvolvimento cognitivo e emocional. A duração ocorre dentro de um mês após o evento estressor e não excede seis meses. Incluindo eventos de choque emocional e reações de pesar.
Em relação ao critério de reincidência do fato, crianças podem manifestar cenas que reviveram e encenar o trauma (dramatizar o que aconteceu) através desenhos, brincadeiras e jogos repetitivos em que aspectos do trauma aparecem associados à inquietação motora, pesadelos e sonhos traumáticos recorrentes e angústia nas lembranças.
A evitação de pensamentos, sentimentos, locais e situações por parte das crianças pode ainda ser manifestada através de interesse diminuído em atividades habituais; sentimentos de estar sozinho ou isolado das figuras afetivas; embotamento afetivo; dificuldades de memória; perda de habilidades já adquiridas e retrocesso no desenvolvimento e, por último, sensação de futuro sem sentido.
Finalmente, em relação aos sintomas de excitabilidade fisiológica aumentada, crianças podem manifestar transtorno de sono; irritabilidade e raiva; dificuldade de concentração; hipervigilância; resposta exagerada de sobressalto e resposta autônoma a lembranças traumáticas .
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