25 de abril de 2018

Indução ao suicídio- Transtorno ou Crime? Luiza Gosuen


Tem se tornado frequente entre alguns jovens, a prática de jogos que usam de estratégias que fogem do tema diversão e lazer para se tornarem jogos letais, verdadeiras armas de matar. São jogos normalmente comandados por um jovem que induz outro jovem a fazer parte do jogo seguindo todas as etapas para ser um ganhador no final, onde o troféu é cometer suicídio. Para isso estimulam e até auxiliam o jovem participante a cometer esse ato. Tanto quem induz, estimula ou auxilia , bem como quem pratica o suicídio estão passando por sérios problemas de ordem psíquica e desequilíbrio emocional portanto, merecem atenção especial por parte da família , da escola e de amigos próximos que possam perceber qualquer alteração fora do contexto de vida desses jovens.

Mesmo sendo jovens comprometidos emocionalmente, devem ser enquadrados na lei.  Isso não é um jogo é um crime. (artigo122 do código penal)


Induzir alguém a alguma coisa, nesse caso ao suicídio é criar na mente do outro o desejo para cometer esse ato. Cria a ideia de um pensamento que antes, provavelmente, nem existia ou que coincide com uma situação de menosprezo do jovem ou até estimula a concretização de fatos passados levando esse jovem a manifestar o desejo de que ele não tem importância para ninguém e que a vida não vale a pena.
Instigar é reforçar essa ideia na pessoa como sendo algo que ela precisa fazer e insistir até convencer a pessoa que ela deve fazer.
E por fim, auxiliar  na prática, usando todos os meios para que ela possa realizar essa prática, dando todo o suporte até a fase final.


Esses ditos "jogos" são disseminados na internet com o objetivo de atingir a meta proposta, sendo que a cartada final é quase sempre a autoflagelação e o suicídio. Se dá através de um convite feito pelas redes sociais, onde o participante deve seguir as etapas (o jogo mais divulgado é  Blue Whale- baleia azul- num total de 50 etapas de automutilação a serem cumpridas) até atingir o objetivo final que é o suicídio e para comprovar que as etapas foram realizadas, os desafios devem ser publicados. Como vemos nas figuras: queimaduras, arrancar os cabelos, cortes , espancamentos etc.
 
O nome baleia azul foi dado pelos criadores do jogo em referência a uma informação de que essa baleia tinha tendência suicida de se encalhar em praias rasas, o que é uma inverdade, ela não é suicida, o que acontece, provavelmente deva ser uma falha no seu sistema de ecolocalização devido a poluição dos mares ou até o ruído das muitas embarcações. É um animal dócil, porém muito grande com 30 mts de comprimento e 177 toneladas, com um ruído estrondoso de 188 decibéis- mais forte que um avião a jato- e que nada a uma velocidade de 50km/h. Portanto, esse nome do jogo não tem nada em comum com o animal.

 Um outro jogo é o da Asfixia ou "Choking Game", onde o jovem que perder a partida deve se asfixiar com as mãos ou outro instrumento, podendo ser corda , fio, um lençol ou ser enforcado por outro jogador até desmaiar e, isso deve ser  filmado e postado para comprovar a façanha. Existe ainda o jogo "Balconing" que é ser filmado se equilibrando em locais que ofereça perigo a si próprio  e o jogo  "Planking" que é ser filmado em lugares altos e perigosos, onde a pessoa corre o risco de cair e se lançar desse local.



Os jovens procuram sempre por situações inusitadas que aumente a adrenalina, que causem medo e pânico como recompensa  e que possa provocar sensações novas, mas não são capazes de mensurar as consequências e sempre acham que nada de mal vai-lhes acontecer. Que o fracasso é para os outros - os fracos e sem coragem.

Por trás do jogo, do isolamento e do desprezo pela vida está um processo que vem crescendo aos poucos, invadindo os lares devagarinho, substituindo o afeto real por coisas virtuais e irreais e destruindo a essência das pessoas fazendo com que se anulem perante tudo e todos, tornando-se invisíveis diante do espelho. Esse processo é a depressão. 


**Importante ** 


Pais, familiares e responsáveis acompanhem seus filhos. Arrumem tempo para compartilhar atenção com eles. Procurem entender os gostos  e interesses de seus filhos. Não desprezem seus talentos e habilidades. Não sejam insensíveis e egoístas. Procurem saber quem são seus amigos, onde costumam frequentar, quais atividades participam nas redes sociais, quais jogos estão envolvidos e como são esses jogos. Fiquem atentos a qualquer atitude diferente de seu filho. Procurem conversar sobre tudo com eles, sem discriminação ou preconceito, mas sempre orientando-os para convivência de maneira assertiva. Verifiquem se estão usando apenas roupas largas ou de mangas compridas mesmo no calor. Não robotizem os pensamentos e atitudes deles sem antes ouvi-los. Observem se estão passando a noite inteira no computador e se ficam isolados por muito tempo. E lembrem-se, não importa a idade que seu filho tenha, nada substitui o seu afeto e sua atenção para com eles. Se você os ignorar, outras pessoas irão tomar seu lugar e pode não ser com amor.

Não gaste seus sentimentos sofrendo pelo personagem da novela, não gaste sua paciência com as imoralidades dos políticos, não perca seu tempo com amigo virtual que você nunca saberá quem é de verdade e mensagens de celular vazias, não se esconda atrás da máscara que o mundo dá pra você, mas gaste tempo com sua família, tenha paciência com seu filho, seja amigo de quem está ao seu lado e abrace quem você ama de verdade. É isso que realmente  faz toda a diferença. A vida está desfilando na sua frente e pode estar levando seu filho, sabe-se lá para onde, e você está olhando para o celular. Seus filhos precisam de atenção e você já esqueceu de como é dar colo. Eles sim, valem a pena, valem seu tempo, seu abraço,  seu sorriso... o resto é pano de fundo e pode esperar.

Leia também: Transtorno de Ansiedade e Depressão

https://luizagosuen.blogspot.com.br/2015/03/transtorno-da-ansiedade-e-depressao.html


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