16 de fevereiro de 2020

Síndrome do Ninho Vazio - Luiza Gosuen

"O ninho está completo. Seus filhos são seu orgulho, fonte de energia, motivo que o fortalece para conquistar tudo e ser o provedor de toda necessidade deles. São seus filhotes. Em momento algum pensou que estavam crescendo - aliás se negou a ver que um dia eles poderiam ter sua própria vida, serem livres. Soltar de sua mão e voar. Esse momento está prestes a chegar e você o que vai fazer, por quem vai viver e se sacrificar agora?  O chão parece fugir de seus pés. O controle está escapando por entre os dedos. Uma terrível sensação de inutilidade e abandono toma conta de seus sentimentos - a sensação de Ninho Vazio".  Luiza Gosuen


Quem já passou por essa situação e sentiu esse sentimento de insegurança, conhece bem o que é a Síndrome do Ninho Vazio. Os pais, nesse momento sentem uma profunda tristeza, um sofrimento que aperta o coração e os leva muitas vezes a crises profunda de depressão por se sentirem abandonados e que não serão mais úteis.
É um sentimento de perda - estou perdendo meu filho para a faculdade, para a profissão, para a esposa- e muitas vezes, esse sentimento domina o pensamento chegando a causar desespero, com crise de choro, insônia, falta ou aumento do apetite e então é preciso tratamento médico e psicológico.



Normalmente, acontece mais com as mulheres por estarem mais tempo com os filhos, envolvidas com seus problemas e dificuldades, mas também com os homens que estão sempre presente na vida dos filhos e por aqueles que tomaram a frente do relacionamento  em decorrência de uma viuvez ou separação.
Estamos falando de sofrimento que adoece e não de sentir saudade dos filhos, o que é normal quando eles vão passar um tempo fora, mas agora é uma situação prolongada ou definitiva. Por exemplo, vai mudar para um país distante a trabalho sem previsão de quando poderá retornar.  Outra situação comum é ir para uma faculdade em outro país e que ao se formar poderá ficará por lá. E uma outra situação é quando os filhos vão se casar, que além de trazer sofrimento do filho sair de casa, tem ainda o ciúme (geralmente mais sentido pelas mães) de ter uma outra pessoa que irá "ocupar" seu lugar..."vai tomar meu filho de mim". Para alguns, isso parece bobagem, porém para quem está com essa síndrome isso não é brincadeira, precisa atenção e cuidado.


Caso do filho único

Um sofrimento peculiar, já que nesse caso tem apenas um filho no ninho. Pode acontecer com maior frequência entre as mulheres - algumas por não trabalharem fora de casa e por estarem sempre em mais contato com o filho desde os primeiros cuidados, em atividades escolares ou em contato com brincadeiras entre amigos -  do que com os homens, porém temos relatos de acontecimentos assim entre alguns homens, principalmente quando o pai tomou a frente no comando geral da família por motivos variados como a guarda do filho, separação do casal, viuvez, doença crônica da esposa etc.

Não queira cobrar que seu filho tenha o mesmo comportamento e atitudes que você, até porquê num mundo onde tudo muda a cada dia, seu filho deve estar preparado para a competição que a vida moderna exige. Não jogue todas as suas expectativas sobre ele, nem pense que irá precisar cobri-lo de cuidados o tempo todo. Ele já cresceu e você o educou para a vida. Agora é a hora de deixá-lo seguir em frente. 

Uma maneira de amenizar essa solidão quando o filho sai de casa é voltar-se para si e ver o que deixou de fazer por si mesmo todo esse tempo e procurar recuperar sua alegria com coisas que lhe dê prazer. Vai notar que não passará o dia pensando e se entristecendo e até sua saúde vai agradecer e quando perceber vai notar que seu filho está feliz, seguindo uma vida normal e realizada e que não deixou de amar você. Caso precise de apoio para iniciar esse processo, procure por um psicólogo que irá ajudar com seus conflitos emocionais.


Sintomas mais comuns

Não consegue lidar com a situação e sente que tudo está ruim, se fecha em si mesmo e quer que as pessoas sintam pena de você. Se isola, fica desanimado, chora com facilidade, reclama de tudo. Qualquer coisa que aconteça é motivo para descontentamento, para se irritar e se sentir infeliz.
Algumas pessoas ficam agressivas com os outros por achar que eles não estão se importando com o sofrimento que está passando e algumas vezes , retorna essa agressividade para si, se isolando, não se alimentando adequadamente, exagerando no álcool ou no cigarro.
Os conteúdos emocionais ficam abalados, com autoestima baixa, depressão, insatisfação e dependência afetiva, tornando sua vida e a das pessoas próximas intolerável por achar que só o seu problema importa.

Tratamento

Existe casos mais graves, onde os pais - ou um deles - até torce para que o filho não se de bem na nova situação que escolheu e que volte para casa, para seu colo e seus cuidados. Essa é uma situação onde o tratamento é feito com suporte psiquiátrico com ansiolítico ou antidepressivo e com apoio de psicólogo para tratar os aspectos emocionais que estão muito prejudicados .

Em casos mais leves, essa etapa passa em pouco tempo. A ajuda e apoio de amigos e familiares é muito importante. Logo a angustia vai acalmando, tudo vai se encaixando e a saudade que era um vazio imenso vai dando lugar a uma saudade salutar onde os pais começam a acompanhar a vida do filho e a perceber que ele está indo bem. Começam a se orgulhar do filho e de sua nova vida e então, aos poucos, retornam a vida cotidiana com seus afazeres e obrigações, inclusive o relacionamento entre o casal que estava abalado começa a ficar mais afetivo, prazeroso e mais atencioso um com o outro.